CHAMADA DO 20º NÚMERO DA RASCUNHOS CULTURAIS
Dossiê Temático: Escritas paraguaias contemporâneas
Professora Doutora Débora Cota
Professora Doutora Geovana Quinalha
Apesar da existência de alguns estudos acadêmicos no Brasil acerca da literatura paraguaia, é notório que pouco conhecemos sobre a produção ficcional do país vizinho, nos limitando, quando muito, a nomes como os de Augusto Roa Bastos, Josefina Plá e Gabriel Casaccia. Contudo, sua historiografia literária e o panorama da produção contemporânea aponta para um consistente número de autoras e autores dedicados às letras paraguaias. As antologias publicadas na última década, entre elas, a Nueva narrativa paraguaya: Antología de cuentos (Assunción, 2013)e Los chongos de Roa Bastos: Narrativa contemporánea de Paraguay (Buenos Aires, 2011), além da produção poética contemporânea de nomes como os de Giselle Caputo (1986), Christian Kent (1983), Lía Colombino (1974), Cristino Bogado (1967), Camila Recalde (1992) e Edu Barreto (1978), nenhum deles com tradução no Brasil, fornecem uma importante amostra, ainda que limitada, do que está sendo produzido naquele país.
Como se sabe, a construção cultural, social e linguística do Paraguai é decorrente de confrontos, diversidades e hibridismos, a exemplo do bilinguismo oficial que a conforma. Resistir aos constantes processos de colonização, inclusive contemporâneos, tem sido o desafio que mais marcadamente tem caracterizado o país e, desse modo, as produções linguísticas e culturais são uma via importante de manifestação destas condições. Atualmente, diversos setores da sociedade Paraguaia têm se mobilizado na tentativa de fazer com que a língua guarani transite não só em espaços informais, como é recorrente, mas também em contextos formais. Os cruzamentos linguísticos como o do yopará (guarani com espanhol) e o portunhol (espanhol com o português) encontram-se constantemente presentes na produção literária a modo de resistência à pureza e homogeneidade previstas em ideais nacionais e coloniais. Desse mesmo modo, também se observacerto protagonismo dadoàs alteridades que conformam o país, sejam elas, por exemplo, as várias etnias indígenas e/ou à cultura popular.Estas questões, no entanto, podem estar atravessadas ou atravessarem debates caros de nossos tempos como o da escrita feminina, distópica, entre outros.
Neste sentido, a proposta que aqui se apresenta pretende reunir estudos que notadamente ampliem as pesquisas em torno da literatura paraguaia no Brasil: que apresentem a escrita atual das mais recentes autoras e autores paraguaios; que lancem mão de contemporâneas leituras de escritoras e escritores já conhecidos; que iluminem diálogos da produção cultural daquele país com outros; que proponham hipóteses em torno das questões linguísticas, sobretudo, de suas características hibridações e de escritas fronteiriças decorrentes do avizinhamento dos dois países; que revisitem a história através das escritas que assim o permitem; e que estabeleçam diálogos com outras artes. Enfim, a revista abre-se a perspectivas diversas, assim como a contribuições de diferentes países e instituições afim de ampliar discussões e promover a escrita paraguaia contemporânea.
Prazo limite para envio dos originais: 30 de outubro de 2019.
.